sábado, 24 de janeiro de 2009

Passaporte, as loiras e o jornalista


Para chegar em Dublin, precisei mostrar o passaporte em pelo menos 3 momentos. Ao sair do Brasil, chegada em Madrid e finalmente na Irlanda. Em cada um desses países fica evidente o tratamento diferenciado de quem é "gringo".

Em Guarulhos, nós brasileiros, podemos nos sentir um pouco mais privilegiados. Praticamente não há revistas às pessoas nascidas em nosso país, a não ser aquelas corriqueiras: esvaziar os bolsos, tirar o cinto, passar a bagagem pelo Raio X...

Nesta mesma fila, logo atrás de mim, estava um senhor de olhos puxados, na casa dos 50 anos. Sotaque bem forte de um legitimo castelhano. Apenas por ter nascido em outro lugar, teve uma revista bem mais fina, sendo obrigado a tirar os sapatos para passar no detector de metais. Nem os seus cabelos brancos pesaram a favor.

Já no imenso aeroporto de Madrid, que abriga túneis, ônibus e esteiras rolantes para o deslocamento de passageiros, existem cerca de cinco cabines para a checagem do passaporte. Três delas exclusivas para cidadãos da União Européia, e duas para o "resto dos países" (expressão usadas por eles). Neste lugar foi a vez dos brasileiros tirarem os sapatos. Todo mundo de "meinha" no chão enquanto, do lado dos europeus se caminhava tranquilamente para o embarque.

A terceira vez que abri a mochila para pegar meu passaporte foi em Dublin. Haviam novamente cinco filas, ma agora, com a especificação "all countries" Também havia uma fila a mais para os não europeus. Pois bem, de nada adiantou, as três ficaram estacionadas. Duas com brasileiras e uma com um argentino. Conversei com a colega de uma das brasileiras que respondia icansavelmente as perguntas dos fiscais, ela me disse "Nós duas estamos em viagem pela Europa já faz algum tempo, fazendo as mesmas coisas, mas sempre é ela a questionada nos lugares. Eu acho que é porque é loira"!

Assustado, a questionei, "Mas como assim, loira?", e ela prosseguiu "brasileira não pode fazer mechas, ou ter cabelos tingidos. Olha a outra que está emperrada, também é loira, e foi assim por toda a Europa".

Não muito convencido, fui para a cabine, sabendo que, pelo menos, as mechas loiras não seriam o meu problema. Queria que o martírio de conversar num lingua não dominada, com o senhor mau-humorado, terminasse logo. Entreguei todos os documento, inclusive a Carteira Internacional de Jornalista, esta, com uma capa vermelha, semelhante aos de passaportes dos figurões internacionais.

Ao vê-la, o senhor de mau-humor arregalou os olhos e se portou diferente. Perguntou se era o tal do passaporte, e eu disse que não, que era a de jornalista. Não me perguntou mais nada. Preencheu a papelada rapidamente, permitindo minha entrada quase que instantânea, mais rápido, inclusive que a dos próprios europeus. Pronto, estava em Dublin!


OBS: Para tirar essa carteira salvadora, basta pagar 4 anos de qualquer faculdade e se graduar jornalista. Pegue o diploma, vá ao sindicato, pague mais 3 parcelas de R$ 17,00 (mensalidade de 3 meses) e R$ 45,00 (taxa de carteira nacional). Espere 20 dias e pague mais E $ 30,00 e saia com sua carteira Internacional de Jornalista. Sem nenhuma burocracia.

10 comentários:

  1. Oiii, Vi, ótima idéia ter um blog contando um pouquinho da sua rotina, adorei! Com certeza passarei aqui muitas vezes. Vc vai fazer algum trabalho ai como jornalista? Para ai mesmo ou para o Brasil?
    Sobre as loiras é fato. Se for "gostosa" então...rs
    Bjão e aproveite
    Marcella Fortuna Elias

    ResponderExcluir
  2. Demoro, quero uma carteira igual essa aí!!!

    Mas eu concordo com os guardas: fazer revista em uma loira é bem melhor do que perder tempo com você !!!! huahua

    Abraços

    ResponderExcluir
  3. com essa puta cara de escocês doido que vc tem, acha que algum irlandês metido a besta ia se meter????? whisky neles, fuck of!!! haha
    abraço ae irmão, e vou providenciar essa vermelhinha fundamental! se bem que pra mi america latina querida, no hay problemas!
    abraço, zé prof.

    ResponderExcluir
  4. Way to go, old chap! Eu sempre disse pro seu pai que você ia longe como jornalista, mas Dublin, quem diria? Favor trazer um bom whisky para seu querido professor e amigo quando voltar. Abraço,

    DJota

    ResponderExcluir
  5. Viniiiiiii!! Homi, relaxa que nos aeroportos ai são a maior frescura mesmo... Sem contar que o pessoal que faz a vistoria é um pé no saco...

    Se cuida!

    bjs

    ResponderExcluir
  6. Porra, pelo menos pra alguma coisa boa serve essa nossa profissão, né? A gente ganha pouco, se diverte e tem algumas regalias! hahaha

    boa sorte aí, animal!

    abs
    Gustavo Biano

    ResponderExcluir
  7. Não é a toa que eu to em Minas...mas doida pra voltar pra Campinas e me desfazer do MTB provisório e ter tudo o que a profissão me dá direito.....Uma carteira vermelha!!!

    Parabéns pela iniciativa. Sucesso!

    Leidy

    ResponderExcluir
  8. buenas camarada
    então, nãoestava sabendo do seu blog
    mas com certeza agora vou acompanhar as novidades aqui publicadas.
    Retribuindoa indicação, deixo o meu FalaGuri
    espero q passe e deixe sua opinião
    www.falaguri.blogspot.com
    crônicas, perfis, e poucos contos

    ResponderExcluir
  9. Vinícius, querido

    Seu blog amenizará a saudade e nos manterá atualizados da sua aventura. Boa sorte!

    Um beijão, saudoso,

    Ciça Toledo

    ResponderExcluir
  10. Tomtom

    Obrigado pela dica, quando for encarar minha cirurgia de adequação de sexo, vou pedir para não ficar loira, assim evito essas situações ...
    Abração,

    Mariante

    ResponderExcluir